Editorial

José Delgado Alves

Resumo


Acredito que a actividade médica deve ser dividida em prática clínica, investigação e formação. Acredito que tais áreas
do exercício da medicina são complementares e fundamentais, ainda que possam ter expressões diferentes em contextos ou
instituições diversas. Acredito ainda que, qualquer que seja o hospital de que falamos, este princípio deve ser aplicado, porque
em qualquer actividade intelectual e particularmente na ciência, não existe paragem ou estabilização. O conhecimento e o
desenvolvimento não podem ser suspensos: ou crescem ou não existem! Tal como Arthur C. Clarke escreveu, no dia em que
a humanidade promover a média, esse será o primeiro dia do declínio da espécie humana.
Frequentemente se confunde ambição com pretensiosismo, vontade com egoísmo e pior ainda, sonho com irresponsabi-
lidade. E não raras vezes se usam estas formas distorcidas para bloquear o progresso, desencorajar novas ideias ou manter
um tranquilo “estado das coisas”.
Esta revista nasceu pelo sonho de alguns que antes de mim, provaram ser capazes de criar as raízes que, modestas que
possam ser, serão sempre o início de uma árvore que terá o tamanho que nós quisermos (ou pudermos).
Quando em dada altura afirmei que o New England Journal of Medicine começou desta forma e que é ainda formalmente
a revista clínica de um hospital, recolhi sorrisos… Mas independentemente do que se possa pensar ou dizer, o New England
nasceu de facto assim e de facto, assim ainda o é! E aqui acabam as comparações, excepto na ideia de que também esta revista
clínica poderá crescer e porventura superar as expectativas.
Esta é aliás a sua maior importância! Não no apoio a currículos em construção, não no preenchimento de um espaço
porventura vazio, não no cumprimento de obrigações formativas, mas no simbolismo que encerra em si própria como factor
de ciência, de criação e difusão de conhecimento, de libertação da actividade clínica diária que pode ter e frequentemente
tem um carácter rotineiro, de tarefa anunciada.
Dir-me-ão que existe algum grau de dramatismo nestas palavras, mas defendo-o pela necessidade de desenvolver os
aspectos literários que deverão contrastar com o resto dos textos aqui presentes, mais objectivos e porventura menos coloridos.
E como para com qualquer ser em primeira infância, também para esta revista é preciso cuidar, proteger mas acima de tudo
encorajar. Por isso é imperioso pensar! Porque pensando, pergunta-se. Perguntando, investiga-se e investigando, publica-se!
Numa adaptação livre das palavras de Oscar Wilde:… temos de ser capazes de ver as estrelas!

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