PSEUDOEXFOLIAÇÃO: O DIAGNÓSTICO AO PRIMEIRO OLHAR | PSEUDOEXFOLIATION: THE DIAGNOSIS AT FIRST SIGHT
Resumo
As imagens representam a deposição exuberante de mate-
rial pseudoexfoliativo na superfície da cápsula anterior do
cristalino do olho direito de um doente de 62 anos, do sexo
masculino, permitindo o diagnóstico de síndrome pseudoex-
foliativa. A síndrome pseudoexfoliativa, descrita pela primeira
vez em 1917 por Lindberg, consiste numa patologia multifac-
torial da matriz extracelular caracterizada pela produção e
deposição de glicoproteínas, sob a forma de material fibrilhar,
nos tecidos oculares e extraoculares, incluindo o coração,
pulmão, fígado, rim, bexiga, meninges, pele e vasos sanguí-
neos. 1,2 Estima-se que esta condição, cuja incidência aumenta
com a idade, afecte actualmente 70 milhões de pessoas no
mundo, estando classicamente associada a maior prevalência
nos países escandinavos. 2
A pseudoexfoliação demonstrou estar associada a factores
genéticos, como variantes do gene LOXL1, e ambientais,
constituindo uma patologia multifactorial cujos mecanismos
etiopatogénicos exactos ainda não foram determinados. 1 O
stress oxidativo, assim como a isquémia/hipoxia, parecem estar
relacionados com o processo de elastose sistémica subjacente
a esta síndrome. 3 A pseudoexfoliação está também associada
a hiperhomocisteinémia, perda auditiva neurossensorial,
fenómenos trombóticos cerebrais e cardíacos, e doença de
Alzheimer. 2,3 A nível oftalmológico, a síndrome pseudoe-
xfoliativa é uma patologia de fácil identificação através da
observação detalhada à lâmpada de fenda, caracterizando-se
pela deposição de material pseudoexfoliativo na superfície
da cápsula anterior do cristalino, conforme representado nas
imagens. 4 Encontra-se também associada a catarata e a pressão
intra-ocular aumentada, constituindo a causa identificável mais
comum de glaucoma. 2,4 Para além disso, factores como a má
dilatação pupilar, fragilidade zonular e resposta inflamatória
pós-operatória aumentada, tornam a síndrome pseudoexfo-
liativa um desafio médico-cirúrgico, sendo a sua identificação
um factor fundamental para evitar possíveis complicações. 2,4
Em conclusão, a síndrome pseudoexfoliativa é uma pato-
logia de fácil identificação, cujo diagnóstico tem implicações
não apenas oftalmológicas mas também sistémicas de marcada
importância, sendo fundamental o conhecimento das suas
características.
Os autores declaram que não existem conflitos de interesse,
relativamente à publicação das presentes imagens e respecti-
vo caso clínico. O presente trabalho não foi financiado nem
recorreu a fundos, públicos ou privados.
rial pseudoexfoliativo na superfície da cápsula anterior do
cristalino do olho direito de um doente de 62 anos, do sexo
masculino, permitindo o diagnóstico de síndrome pseudoex-
foliativa. A síndrome pseudoexfoliativa, descrita pela primeira
vez em 1917 por Lindberg, consiste numa patologia multifac-
torial da matriz extracelular caracterizada pela produção e
deposição de glicoproteínas, sob a forma de material fibrilhar,
nos tecidos oculares e extraoculares, incluindo o coração,
pulmão, fígado, rim, bexiga, meninges, pele e vasos sanguí-
neos. 1,2 Estima-se que esta condição, cuja incidência aumenta
com a idade, afecte actualmente 70 milhões de pessoas no
mundo, estando classicamente associada a maior prevalência
nos países escandinavos. 2
A pseudoexfoliação demonstrou estar associada a factores
genéticos, como variantes do gene LOXL1, e ambientais,
constituindo uma patologia multifactorial cujos mecanismos
etiopatogénicos exactos ainda não foram determinados. 1 O
stress oxidativo, assim como a isquémia/hipoxia, parecem estar
relacionados com o processo de elastose sistémica subjacente
a esta síndrome. 3 A pseudoexfoliação está também associada
a hiperhomocisteinémia, perda auditiva neurossensorial,
fenómenos trombóticos cerebrais e cardíacos, e doença de
Alzheimer. 2,3 A nível oftalmológico, a síndrome pseudoe-
xfoliativa é uma patologia de fácil identificação através da
observação detalhada à lâmpada de fenda, caracterizando-se
pela deposição de material pseudoexfoliativo na superfície
da cápsula anterior do cristalino, conforme representado nas
imagens. 4 Encontra-se também associada a catarata e a pressão
intra-ocular aumentada, constituindo a causa identificável mais
comum de glaucoma. 2,4 Para além disso, factores como a má
dilatação pupilar, fragilidade zonular e resposta inflamatória
pós-operatória aumentada, tornam a síndrome pseudoexfo-
liativa um desafio médico-cirúrgico, sendo a sua identificação
um factor fundamental para evitar possíveis complicações. 2,4
Em conclusão, a síndrome pseudoexfoliativa é uma pato-
logia de fácil identificação, cujo diagnóstico tem implicações
não apenas oftalmológicas mas também sistémicas de marcada
importância, sendo fundamental o conhecimento das suas
características.
Os autores declaram que não existem conflitos de interesse,
relativamente à publicação das presentes imagens e respecti-
vo caso clínico. O presente trabalho não foi financiado nem
recorreu a fundos, públicos ou privados.
Texto Completo:
PDFReferências
Anastasopoulos E, Founti P, Topouzis F. Update on pseudoexfoliation syndrome pathogenesis and associations with intraocular pressure,
glaucoma and systemic diseases. Curr Opin Ophthalmol. 2015 Mar;26(2):82-9.
Shingleton BJ, Crandall AS, Ahmed II. Pseudoexfoliation and the cataract surgeon: preoperative, intraoperative, and postoperative issues
related to intraocular pressure, cataract, and intraocular lenses. J Cataract Refract Surg. 2009 Jun;35(6):1101-20.
Holló G. Exfoliation syndrome and systemic cardiovascular diseases. J Glaucoma. 2014 Oct-Nov;23(8 Suppl 1):S9-11.
Rao A, Padhy D. Pattern of pseudoexfoliation deposits on the lens and their clinical correlation--clinical study and review of literature. PLoS
One. 2014 Dec 5;9(12):e113329.
Apontamentos
- Não há apontamentos.